Doria diz que vai tirar camelôs das ruas de São Paulo

Alternativa, segundo o prefeito eleito, será a criação de shoppings populares em áreas com grande movimentação de pedestres

Pedro Venceslau, enviado especial – O Estado de S. Paulo

O prefeito eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou na tarde de sexta-feira, 14, que existe "total falta de controle" hoje em relação ao comércio ambulante na capital. O tucano afirmou que, em sua gestão, não haverá mais camelôs nas ruas. 

"Eles vão atuar em espaços públicos organizados, iluminados, seguros e em locais com movimento para atrair potenciais compradores. Não nas ruas", disse em Buenos Aires, durante entrevista concedida a jornalistas que o acompanham na primeira agenda que cumpre fora do País após as eleições. Doria está na capital argentina para participar do 21º Meeting Internacional, evento promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais, entidade fundada e presidida por ele até maio.

Apesar de polêmica, a decisão de retirar camelôs das ruas não será feita de forma a gerar confronto, assegura Doria, que ressalta a "questão humana" do problema. "São dois milhões de desempregados. Não vamos hostilizar os ambulantes e gerar confronto, mas dar a eles uma oportunidade. A alternativa é criar os shoppings do povo." 

Esses shoppings funcionariam em áreas com forte movimentação de pedestres e em bairros com característica comercial, como o Brás. A ideia, no entanto, não é nova. A gestão Fernando Haddad (PT) já promoveu uma concorrência para requalificar a chamada Feirinha da Madrugada, no Pari, mas a concessão enfrenta resistência e está temporariamente suspensa pela Justiça. Só ali são cerca de 4 mil ambulantes.

Ao mesmo tempo em que promete retirar camelôs das ruas, o tucano também afirma que vai melhorar a parceria com a Polícia Militar por meio da ampliação da Operação Delegada, na qual a Prefeitura paga policiais em folga para combater o comércio irregular nas ruas da cidade. Iniciado em 2009, pelo então prefeito Gilberto Kassab (PSD), o programa foi esvaziado no governo Haddad e o número de soldados contratados caiu de 3,8 mil para 1.063.  

Corujão

Doria também afirmou em Buenos Aires que seu projeto emergencial para zerar a fila por exames médicos na rede pública será iniciado nos primeiros dias de janeiro. Na campanha, o tucano prometeu atender toda a demanda atual, de 417 mil, no prazo de um ano com a criação do "corujão da saúde", programa que oferecerá horários alternativos aos pacientes, entre 20h e 8h. "Vamos colocar, a partir de 2 janeiro, programa emergencial em curso para reduzir a fila da saúde. O corujão vai ser implantado no prazo limite de 60 ou 90 dias", disse.

Segundo Doria, os pacientes serão atendidos preferencialmente em dois períodos: das 20h às 22h e das 6h às 8h, todos os dias da semana, em uma rede conveniada de hospitais. Serão pelo menos 40 unidades privadas, de acordo com o tucano. A rede estadual também deve participar do projeto, que custará R$ 100 milhões nos cálculos da equipe do prefeito eleito./COLABOROU ADRIANA FERRAZ

Matéria publicada no jornal O Estado de S. Paulo.
 

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