‘Creches em terminais de ônibus e metrô de SP serão ‘depósitos de crianças”, diz educadora

Para a mestre em educação Sylvie Klaen, coordenadora pedagógica na rede municipal, a proposta do prefeito eleito João Doria é inviável e não garante qualidade educacional

Por Redação RBA – Rede Brasil Atual 

A proposta do prefeito eleito em São Paulo, João Doria, de abrir creches dentro de estações de metrô e terminais de ônibus é avaliada como "inviável e sem qualidade" pela mestre em educação Sylvie Klaen, coordenadora pedagógica na rede municipal de ensino. Em entrevista à repórter Anelize Moreira, da Rádio Brasil Atual, na manhã de hoje (13), ela afirma que o projeto do tucano transformará as creches que vierem a ser instaladas em "depósitos de crianças".

"Quem anda de metrô e conhece as estações fica imaginando o que seriam essas creches. Seria fechar um quadradinho e colocar as crianças lá? Isso é inviável e rompe com a qualidade para a educação da infância. Particularmente, não conseguiria deixar meu filho em um puxadinho no metrô. É solução sem proposta pedagógica, ausência de área externa, falta de área verde e local para as crianças brincarem", afirma a especialista.

Doria também defende parcerias com a iniciativa privada como forma de ampliar o atendimento da rede conveniada. De acordo com Sylvie, a medida serviria para ampliar as estatísticas, mas também seria prejudicial às crianças. "A ideia dele é intensificar a lógica da terceirização da gestão e desresponsabilizar a prefeitura."

Atualmente, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Educação, a capital paulista possui uma lista de espera de 100 mil crianças que aguardam vagas nas creches e outras 3 mil na pré-escola. Porém, a situação já foi pior – a gestão Fernando Haddad criou quase 100 mil vagas.

Para Cisele Ortiz, da Rede Nossa São Paulo, a iniciativa da prefeitura ampliou a inclusão de crianças na educação infantil na cidade. "Houve gestão que não construíram nenhuma creche. A gestão do Haddad fez um grande investimento para resolver o problema. Não foi da maneira que gostaríamos, mas conseguiu incluir muitas crianças."

Cisele faz parte do grupo de trabalho em educação da Rede Nossa São Paulo, que monitora a situação do déficit de creches na cidade. Ela lembra que na gestão Kassab houve um crescimento da judicialização para conseguir uma vaga. "O Judiciário recebia muitas ações de cumprimento do direito à educação infantil. Cada defensor público abria cerca de 50 ações por dia. Desde 2013 foram criadas 105 mil vagas, foi um esforço grande, mas não suficiente. É preciso investir mais."

A expectativa da gestão Haddad é que, até o final do ano, quando se encerra seu mandato, ainda sejam criadas 13 mil vagas em creches da administração direta e conveniadas.

Matéria publicada na Rede Brasil Atual.

 

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