Falta de chuvas derruba a qualidade do ar em São Paulo

Calor e carros aumentam nível de ozônio, poluente que traz mais preocupação; gás agride vias aéreas e pulmões

Folha de S. Paulo

Na manhã de segunda-feira (18), uma faixa de poluição podia ser vista sobre a cidade de São Paulo, que passa por período de calor e seca.

Segundo a Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), a qualidade do ar atingiu o nível 130 (classificado como muito ruim) no sábado (16), entre as 18h e 19h, conforme mediu a estação Cid. Universitária-USP-Ipen. Já no domingo (17), a qualidade ficou moderada das 16h às 21h.

Em dias de semana, quando o tráfego de veículos é mais intenso, o índice é mais alarmante. Na sexta (15), por exemplo, o ar teve índices ruim e muito ruim, das 16h às 21h. Em todos os casos, o poluente mais presente foi o ozônio.

Segundo Mariana Veras, pesquisadora do Laboratório de Poluição do Ar da USP, o gás agride as vias aéreas e o pulmão. Os últimos dias de extremo calor na cidade contribuem para o agravamento do ozônio. "É um poluente secundário: resulta da reação de poluentes primários —vindos, por exemplo, dos carros— e da luz do Sol. Por isso, o nível de ozônio costuma ser maior no período da tarde", afirma. Veras recomenda que a prática de esportes seja evitada nesse período. "É melhor fazer exercícios físicos de manhã ou à noite."

O segundo poluente mais presente no ar de São Paulo é MP2.5, partículas microscópicas que podem provocar uma série de sintomas na saúde, desde irritação das vias aéreas até câncer. "As partículas, responsáveis por aquela camada visível de poluição que cobre a cidade, são emitidas principalmente por veículos a diesel", diz Veras. "Essas partículas têm substâncias que podem provocar câncer, nos casos mais graves. Quem sofre mais com esse poluente são idosos, crianças e pessoas que já tenham doenças respiratórias ou cardíacas."

O quadro não é animador. De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), o calor continua e não deve chover na capital paulista pelo menos até sexta (22).

ÁGUA

Depois de cinco dias de estabilidade, o nível do Cantareira, sistema que abastece 7,4 milhões de pessoas na capital e na Grande SP, teve queda de 0,1% e opera com 66,1% de sua capacidade.

No mês de abril, a região do Cantareira acumula 0,9 mm de chuva, o menor volume para o período em 16 anos.

Os outros reservatórios também apresentaram queda. O sistema Alto Tietê também recuou 0,1%, chegando a 41,4%. O Guarapiranga caiu de 83% para 82,4%.

Matéria públicada originalmente na Folha de S. Paulo.

 

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