Alckmin diz que não usará PM em escolas invadidas

Apesar de anunciar que pediria reintegração de unidades ocupadas, governo não agiu nos colégios em que a Justiça ordenou a retomada.

Por Ana Fernandes, Isabela Palhares e Paulo Saldaña

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) mudou nesta quarta-feira, 18, sua estratégia para lidar com a onda de invasões nas escolas estaduais. Até agora, o Estado acenava com a possibilidade de usar a polícia para desocupar os colégios e, para tanto, procurou a Justiça a fim de obter a reintegração de posse das unidades.

“Já temos até reintegração (concedida) e não estamos usando ação policial. Eu mandei tirar toda polícia lá da frente da escola”, disse Alckmin. Segundo ele, há aproveitamento político por trás do movimento de ocupações contra a reorganização da rede pública. 

Na terça, o secretário da Educação, Herman Voorwald, afirmara que o Estado pediria a reintegração de posse das escolas ocupadas. Nesta quarta, Alckmin deixou de desocupar duas unidades no Estado – uma em Osasco, na Grande São Paulo, e outra em Santa Cruz das Palmeiras. Em Osasco, mesmo com a decisão judicial, a polícia não cumpriu a ordem. Nas demais ocupações – nesta quarta, eram 48, 23 na capital – também não havia presença de policiais, diferentemente do que ocorrera na semana passada, quando a Escola Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste, foi cercada por cem PMs por quatro dias. 

Ocupações

O Ministério Público entrou com uma ação para barrar a reintegração da Escola Heloísa Assumpção, em Osasco. No entanto, o pedido foi negado pelo juiz Olavo Sá da Silva, que em sua decisão disse que, “o que importa é que a escola continue funcionando, e nada justifica a invasão perpetrada”.

Apesar de mantida a decisão, até as 19h30 a polícia não havia cumprido a ordem. Já em Diadema a Justiça suspendeu a reintegração de posse da Escola Diadema, a primeira tomada pelos alunos na onda de ocupações. 

A suspensão ocorreu após a Apeoesp, sindicato dos professores, entrar com recurso pedindo que a Justiça aguardasse o desfecho da audiência de conciliação, marcada para hoje na Justiça. Ariel Castro, do Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana, disse que o acordo pode servir de modelo para lidar com as ocupações.

Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo

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