Sem verba federal, Haddad estuda financiar obras com banco estrangeiro

Por Artur Rodrigues

Com metas atrasadas devido à falta de repasses de verbas federais, a gestão Fernando Haddad (PT) já estuda financiar com bancos estrangeiros obras que hoje dependem de dinheiro do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do Minha Casa, Minha Vida.

A afirmação foi feita pelo prefeito nesta quita-feira (12) em entrevista coletiva para anunciar grau de investimento obtido pela prefeitura junto à agência Fitch Ratings, informação antecipada pela Folha. O reconhecimento facilita a obtenção de financiamentos internacionais pelo município.

Haddad afirmou que a prefeitura já tem sido procurada por bancos estrangeiros dispostos a oferecer linhas baratas de crédito e de longo prazo.

"Temos duas questões mais delicadas para os quais se abre uma oportunidade, que é moradia e drenagem", disse Haddad. "Mobilidade o governo tem feito repasses aquém do esperado, mas tem acontecido [para a construção de corredores de ônibus]".

Na área da habitação, por exemplo, Haddad afirma que 15 mil unidades não tiveram a construção iniciada por falta de verbas. Apesar das constantes queixas sobre os atrasos nos repasses do governo federal, Haddad negou ter desistido do PAC e se disse um otimista.

O prefeito evita fazer críticas diretas à presidente Dilma Rousseff (PT), mas sua imagem já saiu chamuscada não só pelos escândalos envolvendo a gestão petista como também pela falta de dinheiro.

Levantamento da Folha mostrou que, a pouco mais de um ano da eleição municipal, não saíram do papel duas de cada três obras prometidas pela prefeitura nos extremos da cidade em áreas sociais, de mobilidade e urbanização.

Pesquisa Datafolha divulgada neste mês mostrou que 49% dos paulistanos reprovam a atual administração da cidade de São Paulo, considerando-a ruim ou péssima. Outros 34% consideram a gestão regular e apenas 15% a avaliam como ótima ou boa.

Entre os mais pobres (com renda mensal familiar de até dois salários mínimos), a aprovação a Haddad é de apenas 12%, ante 23% entre os mais ricos (renda superior a dez mínimos).

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

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