Segurança no trânsito melhora no mundo, mas piora no Brasil, diz OMS

País teve 47 mil das 1,25 milhão de mortes por acidentes registradas em 2013.
Principal falha brasileira é nos limites de velocidade, aponta novo relatório.

Do G1, em São Paulo

Mais de 1,25 milhão de pessoas morrem por ano vítimas de acidentes de trânsito, estima a OMS (Organização Mundial de Saúde). Segundo um novo relatório, o número de fatalidades se estabilizou e deve começar a cair agora, apesar de em alguns países, incluindo o Brasil, o trânsito estar cada vez mais perigoso.

"Estamos indo na direção certa", afirmou Margaret Chan, diretora da OMS, que atribui a melhora da média global a melhores legislações, fiscalização e a padrões aprimorados de segurança em ruas e veículos.

"O relatório mostra que estratégias no trânsito estão salvando vidas", afirmou. "Mas também indica que o ritmo de mudança é muito lento."

Segundo o documento, num período de 3 anos, enquanto 79 países viram o número de vítimas do trânsito diminuir, outros 68 o viram crescer. O maior problema, afirma a OMS, está na África, onde a taxa de mortalidade é de 26,6 pessoas para cada 100 mil habitantes.

A taxa do Brasil, desde 2003, subiu de 18,7 para 23,4, e já se aproxima daquela dos países africanos com trânsito mais perigoso. Em 2012, o país teve cerca de 47 mil mortes no trânsito estimadas pela OMS, a partir das 42,2 mil mortes efetivamente registradas e atribuídas a acidentes.

Num ranking da OMS, compilado ainda com dados de 2010, o trânsito brasileiro é o 33º mais perigoso do mundo, e o 5º da América Latina. No ranking de 2013, o país é o 56º do planeta mais mortal no trânsito, e 3º das Américas, atrás apenas de República Dominicana e Belize.

Trânsito e desenvolvimento

Países em desenvolvimento, indica a OMS, concentram 90% de todas as mortes do mundo, apesar de abrigarem apenas 54% dos veículos. Os trânsitos mais letais do mundo são o da Líbia, com 73,4 mortes anuais por 100 mil habitantes, e Tailândia, com 36,2.

A Europa é a região do mundo onde o trânsito é mais seguro. Em países com regras mais rígidas, como Reino Unido, Suécia, Holanda, Noruega e Espanha, as mortes anuais por acidentes de trânsito são menores que 4 por 100 mil habitantes.

O relatório da OMS também mostrou que metade das mortes por acidentes estão nos três grupos mais vulneráveis no trânsito: pedestres (2%), ciclistas (4%) e motociclistas (23%).

Trânsito no Brasil

O Brasil, de modo geral, foi considerado um país com leis adequadas de trânsito, exceto aquelas com relação a limites de velocidade. Muitas cidades do país têm vias urbanas com limite de 80 km/h, mas a OMS só considera seguras vias urbanas com limite de 50 km/h.

As boas leis do país, além disso, não estão sendo muito bem implementadas. Em notas de zero a dez, o país recebeu apenas conceito 6 para a implementação de regras como a obrigatoriedade de capacete e o transporte adequado de crianças (no banco de trás, com assentos e cinto apropriados). O respeito à obrigatoriedade do cinto de segurança e a velocidades máximas receberam nota 7. A proibição do álcool ao volante recebeu nota 8.

Matéria publicada originalmente no portal G1.

 

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