Alckmin defende pressão menor que a norma para ‘evitar rodízio’

Governador havia negado manobra em dezembro, mas agora defende ‘razoabilidade’; PT quer abrir CPI na Assembleia

Por Edgar Maciel e José Roberto Castro – O Estado de S.Paulo 

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) defendeu ontem o não cumprimento da recomendação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) de manutenção de ao menos 10 metros de coluna de água na vazão do abastecimento. Alckmin disse que essa é uma questão de “razoabilidade” e o governo está tomando as medidas possíveis “para evitar o rodízio”.

Em dezembro, Alckmin afirmou que a Sabesp cumpria “rigorosamente” a norma técnica. Mas anteontem o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, e o diretor da empresa Paulo Massato prestaram depoimento à CPI da Sabesp na Câmara Municipal e admitiram que a companhia mantém a pressão da água abaixo do recomendado pela ABNT. A prática foi revelada pelo Estado no início do mês e prejudica sobretudo as regiões mais altas.

“Essa é uma medida mitigado-ra para evitar algo muito pior para a população, que é o rodízio”, afirmou Kelman. “São poucos pontos na rede em que não se tem a pressão exigida pela ABNT para condições normais. Isso não é uma opção da Sabesp. Não estamos em condições normais”, completou.

Alckmin afirmou ontem que as Válvulas Redutoras de Pressão são a única solução para diminuir as perdas no sistema e disse que, para evitar falhas no fornecimento em regiões altas e distantes dos reservatórios, vai continuar apostando na instalação das caixas d’água. “São medida paliativas, mas garantem o abastecimento.”

MP e CPI

Em seminário sobre a crise hídrica na Procuradoria Regional da República da 3ª. Região, na zona sul da capital, o superintendente de gestão ambiental da Sabesp, Wanderley da Silva Paganini, criticou ontem a abertura de capital feita pela empresa em 2002. “No meu ponto de vista, não deveria ter vendido (ações). Pode ser até que eu perca meu emprego pelo que estou falando, paciência.” Nas eleições de 2014, os candidatos Paulo Skaf (PMDB) e Alexandre Padilha (PT) usaram o pagamento de lucro a acionistas da Sabesp para atacar as falhas da gestão tu-cana durante a crise hídrica.

Ainda ontem, a bancada do PT na Assembleia Legislativa iniciou a coleta de assinaturas entre deputados estaduais para instalar a CPI da Sabesp. Diferentemente da instalada na capital, essa teria por objetivo, segundo o petista João Paulo Rillo, investigar supostas irregularidades envolvendo o programa de redução de perdas da companhia, que gastou R$ 1,1 bilhão entre 2008 e 2013 para tentar diminuir o desperdício de água. / COLABOROU F.L.

Matéria publicada originalmente no jornal O Estado de S. Paulo

Compartilhe este artigo