Faixa de ônibus avança, mas corredores derrapam em SP

Medidas da prefeitura não mexeram na velocidade do transporte público; Para especialista, foco do município deveria estar na ampliação do metrô; gestão Haddad alega falta de recursos.

Por André Monteiro e Artur Rodrigues

O prefeito Fernando Haddad (PT) chega à metade de seu mandato tendo superado parte das metas para melhorar da mobilidade, mas ainda sem conseguir um salto de qualidade em sua maior prioridade: o transporte público.

Até agora, as medidas implantadas não foram suficientes para um salto na velocidade dos ônibus nem resultaram em avanço na quantidade de pessoas que optam pelo transporte público.

O número de passageiros segue estável, e a velocidade média geral nos corredores está em 14 km/h –o objetivo da gestão é chegar a 25 km/h.

Das 12 metas de transporte prometidas por Haddad até 2016, duas já foram entregues: a de criação de 150 km de faixas de ônibus e a implantação do Bilhete Único Mensal, Diário e Semanal.

Três metas têm ritmo para serem completadas em 2015: reforma dos semáforos, implantação de 400 km de ciclovias e criação de rede noturna de linhas de ônibus.

As faixas amenizaram problemas e são elogiadas pelos usuários, mas o governo municipal ainda patina para tirar do papel intervenções mais caras e complexas como obras viárias e os 150 km de corredores exclusivos de ônibus.

Os corredores são obras estruturais de impacto menor apenas que sistemas sobre trilhos. Aumentam a velocidade do sistema e têm grande capacidade de transporte.

Segundo o balanço oficial, apenas 36 km de corredores estão em obras, a maior parte de licitações feitas na gestão Gilberto Kassab (PSD).

Uma concorrência de 135 km de corredores, lançada por Haddad ao custo de R$ 4,7 bilhões, foi barrada no TCM (Tribunal de Contas do Município) porque não apontava a fonte de recursos.

Com as finanças prejudicadas por liminar que suspendeu o aumento do IPTU em 2014, Haddad teve de pedir ajuda federal para obter recursos e só conseguiu relançar a licitação após um ano.

Agora o prefeito terá que correr contra o tempo e corre risco de não conseguir entregar a meta a tempo.

Obras desse porte, segundo estimativa da própria administração municipal, levam dois anos e meio para ficarem prontas se não houver nenhum imprevisto.

Trânsito

A prioridade ao transporte coletivo é elogiada por passageiros, mas a diminuição do espaço para automóveis gerou mais congestionamentos.

"O modal carro transporta tanta gente quanto o ônibus e piorou 20%, segundo dados do Maplink. E o modal ônibus não melhorou", afirma o consultor Sergio Ejzenberg.

O especialista diz que a prefeitura erra ao não investir no metrô. Mesmo sendo de responsabilidade do Estado, que tem atrasado as obras, trata-se do meio mais eficaz e que não para de ganhar usuários, completa Ejzenberg.

Ciclovias

Neste ano, Haddad decidiu ampliar a própria meta e implantou 141 km de ciclovias, surpreendendo até os cicloativistas. Aprovadas por ampla maioria da população, segundo pesquisa Datafolha, a medida refletiu positivamente na popularidade do prefeito.

Apesar disso, gerou revolta entre associações de bairro e comerciantes devido à projeção de que a cidade perca 40 mil vagas de estacionamento nesse processo.

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

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