2 em cada 3 metas de Haddad estão abaixo dos 50% de execução

Com quase dois anos de mandato, prefeito cumpriu 16 dos 123 compromissos anunciados – 40 não atingiram 25% de realização.

Por Adriana Ferraz e Edgar Maciel

Prestes a completar dois anos no comando de São Paulo, o prefeito Fernando Haddad (PT) ainda planeja mais do que coloca em prática as metas prometidas por ele para melhorar a maioria dos serviços públicos municipais. Balanço oficial aponta que, dos 123 compromissos anunciados, 81 – dois em cada três – estão abaixo dos 50% de execução. E, dessa lista, metade nem sequer atingiu o índice de 25% de realização.

O ritmo lento de investimentos afeta áreas consideradas prioritárias, como Saúde, Educação, Mobilidade e Habitação. A combinação entre um plano de governo ambicioso, estimado em R$ 24 bilhões, e a tradicional lentidão da máquina pública, dá a Haddad a marca de 16 metas cumpridas até agora.

Já a análise qualitativa mostra que Assistência Social e Saúde têm os piores índices de execução de suas metas. A primeira tem cinco compromissos com realização abaixo de 25% e a segunda está com todos na marca vermelha, com menos de 50% das medidas concluídas. Do lado oposto, secretarias mais administrativas, como Desenvolvimento Econômico, apresentam resultados melhores.

Na contramão de ações administrativas, mais fáceis de serem executadas, o prefeito enfrenta dificuldades para tirar seu pacote de obras do papel. E ele não é pequeno: inclui, por exemplo, três hospitais, 150 km de corredores de ônibus, 243 creches, 20 Centros Educacional Unificado (CEUs) e 55 mil moradias populares.

Segundo levantamento feito pelo Estado, o Município aguarda que 25 licitações prioritárias se transformem em canteiros de obras. Juntas, elas renderiam R$ 4,2 bilhões em investimentos e ajudariam a acelerar o programa defendido por Haddad nas urnas.

Ordem

Com o sinal vermelho aceso, o prefeito resolveu determinar datas máximas para o início de projetos considerados urgentes e com pouca execução nesses dois primeiros anos de governo. O limite é assinar os contratos e dar ordem de serviço até junho de 2015. Segundo Haddad, o prazo de 18 meses é suficiente para finalizar se não todas, mas as obras importantes do plano.

As 55 mil unidades habitacionais prometidas estão nessa lista. Por enquanto, a Prefeitura entregou 3,6 mil, ou somente 7%. A demora é criticada por líderes sociais, que constantemente tomam as ruas para reivindicar moradia popular. Douglas Gomes, um dos líderes do Movimento Sem Teto de São Paulo (MSTS), reclama da falta de diálogo com a Prefeitura.

"Tem pessoas que estão há mais de dez anos na fila por uma casa. Entendo que habitação não é uma coisa que surge de um dia para o outro, mas não podem ficar em projetos, sem prazo de conclusão", diz.

Considerada prioridade zero, a construção de corredores de ônibus também está demorando a sair do papel e, por isso, deve ser acelerada até a metade do ano que vem. De acordo com Haddad, hoje estão em obras 37 dos 150 km prometidos. E o projeto já foi alterado, deixando de fora a obra anunciada na Avenida 23 de Maio. Os seis trechos que seguem em licitação, como o corredor da Radial Leste, são os projetos mais caros planejados pela administração. Juntos, eles custam R$ 2,4 bilhões.

Mas, apesar do ritmo, o engenheiro de trânsito Horácio Augusto Figueira afirma que, em dois anos de governo petista, houve avanços em pontos importantes que ajudaram a melhorar o trânsito da capital. "Se eu fosse comparar com as gestões anteriores, a nota do Haddad seria superior. Os antigos prefeitos 'chutaram' o transporte coletivo", analisa. Os 367 km de faixas de ônibus foram essenciais para essa melhora.

Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo

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