Principais obras contra a seca em São Paulo ficarão prontas após 2015

Por Artur Rodrigues

Nenhuma das principais obras previstas pelo governo paulista para ampliar a capacidade de armazenamento de água da Grande São Paulo estará pronta no período de estiagem do ano que vem.

Uma delas é a transposição da água do rio Paraíba do Sul para o sistema Cantareira, agora com aval da ANA (Agência Nacional de Águas).

A única obra prevista para ficar pronta em curto prazo, segundo o cronograma da Sabesp, é a ampliação de uma estação de tratamento de água neste ano –que seria suficiente para abastecer só 300 mil pessoas, de um total de 20 milhões na Grande SP.

"Vamos depender somente da chuva", afirma o professor Antonio Carlos Zuffo, da Unicamp. "Soluções de engenharia existem, mas só para daqui dois ou três anos."

Se continuar a falta de chuvas, segundo Zuffo, a região metropolitana pode viver um ano ainda mais difícil que 2014. "Se chover abaixo da média, os sistemas não vão se recuperar", afirma.

A partir do fim de 2015, porém, as perspectivas de abastecimento melhoram.

As obras previstas pelo governo até 2018 terão capacidade de atender número similar de pessoas servidas hoje pelo sistema Guarapiranga –4,9 milhões. Na prática, trata-se de aumentar em 23% a capacidade de produzir a água.

Parte disso virá com a transposição. Nesta semana, a agência federal de águas e o Rio de Janeiro acenaram positivamente para o plano do governador Geraldo Alckmin (PSDB) de ligar a represa Jaguari, na bacia do rio Paraíba do Sul, com a Atibainha, do sistema Cantareira.

A medida pode atender em média 1,5 milhão de pessoas. Após o fechamento oficial do acordo e o início da licitação, a obra deve durar ao menos 14 meses -ou seja, deve ficar somente para 2017.

Outro projeto, esse previsto para 2018, é a parceria público-privada que criará um sistema de abastecimento que buscará água em Ibiúna.

Por fim, o governo estadual conta também com o aumento do sistema Rio Grande, que terá uma etapa entregue em outubro de 2015 e outra, em dezembro de 2016.

Questionada, a Sabesp afirmou que gastou nos últimos anos R$ 9,3 bi em obras para aumentar a capacidade de mananciais e produção de água. Afirmou que, no período de seca de 2015, vai manter ações que "se mostraram eficientes". Entre elas, bônus e campanhas para economia.

Incerteza

Em depoimento ao Ministério Público divulgado nesta sexta pelo jornal "O Estado de S. Paulo", a presidente da Sabesp, Dilma Pena, disse que não tem "como afirmar se essas medidas serão suficientes para evitar problemas no abastecimento, caso o regime de chuvas persista da maneira anômala atualmente vivida".

Na quinta (6), Alckmin demonstrou otimismo em relação ao próximo ano. "Já passamos pelo pior período e nem utilizamos a segunda reserva técnica disponível."

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

Compartilhe este artigo