Críticos temem que plano prejudique áreas residenciais

Projeto aprovado na Câmara prevê edifícios mais altos perto de linhas de metrô e trens e de corredores de ônibus; Idealizadores do texto afirmam que bairros serão protegidos e que futura lei tratará de casos específicos

Por André Monteiro

O principal objetivo do Plano Diretor aprovado em primeira votação na Câmara é concentrar mais moradores em áreas com boa rede de infraestrutura e serviços –como estações de metrô e lojas.

Para isso, permitirá edifícios mais altos e com mais apartamentos perto de linhas de metrô e corredores de ônibus. Além disso, haverá incentivo para uso do térreo como área comercial –restaurantes e bancos, por exemplo.

Os críticos do Plano Diretor dizem que a proposta é genérica e não considera as particularidades de cada bairro.

Eles temem que áreas residenciais e com estrutura já saturada (com ruas congestionadas e rede de abastecimento antiga) sejam descaracterizadas. Por exemplo, quadras ao redor da estação Vila Madalena do metrô.

Também avaliam que os meios de transporte existentes estão superlotados e não comportarão aumento na demanda –faltando estudos para provar que as novas obras serão suficientes.

Os principais críticos são urbanistas ligados a ONGs como Movimento Defenda São Paulo e Preserva São Paulo.

Os idealizadores do plano dizem que as áreas residenciais serão protegidas e que a futura legislação de uso do solo vai tratar de casos específicos –por exemplo, do entorno de parques públicos.

Para concentrar moradores perto de corredores de transporte, a ideia do plano é que essas áreas tenham um padrão de construção semelhante ao que existe hoje na av. Paulista –com prédios altos e colados uns aos outros.

Esse padrão atualmente é permitido em cerca de 3% do território da cidade. Na primeira versão do Plano Diretor elaborada pela gestão Fernando Haddad (PT), esse índice poderia atingir 19%.

As mudanças feitas desde então, porém, reduziram pela metade a quantidade de áreas que poderiam ser adensadas, irritando construtoras.

Na prática, será muito mais do que existe hoje, mas menor do que a ideia inicial.

Segundo Nabil Bonduki (PT), relator do plano, a redução ocorreu porque nessas áreas haverá operações urbanas, que terão regras específicas.

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

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