Ranking mostra Brasil melhor em bem-estar social do que em renda

Um novo indicador de bem-estar social, elaborado pelo instituto norte-americano Social Progress Imperative e divulgado nesta quinta-feira, mostra o Brasil em 46º lugar entre 132 países avaliados. O “ranking” mostra o Brasil melhor colocado no quesito progresso social do que em renda. Pelo critério de rendimento “per capita” da população, o país estaria na 57ª colocação. O indicador, elaborado pela Harvard Business School, a consultoria Deloitte Touche Tohmatsu e a Skoll Foundation, mostra no entanto que o país ainda deixa a desejar no critério “necessidades básicas”, que trata de temas como segurança pública e acesso ao saneamento básico.

O Indicador de Progresso Social é mais abrangente do que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da ONU, que mede a qualidade de vida com base na renda, educação e esperança de vida de uma população. No IDH, o Brasil ocupa a 85ª posição entre 170 países.

O indicador divulgado nesta quinta-feira cobre três grandes áreas, cada uma com quatro variáveis distintas, abordando temas tão amplos como desigualdade de gênero, educação ou acesso às tecnologias de comunicação.

O Brasil é o melhor classificado entre os Brics, conforme o índice – os autores destacam que China e Índia vivem crescimento acelerado, mas que não se converteu, ainda, em mais qualidade de vida aos cidadãos. Além disso, o relatório informa que a maioria dos países latino-americanos surpreendeu positivamente.

As melhores notas do Brasil foram registradas em liberdades pessoais (27º lugar no “ranking”), item que inclui liberdade religiosa e acesso à contracepção. Também tem boa avaliação em tolerância e inclusão (33º), acesso a ensino básico (38º) e moradia (53º).

Por outro lado, ficou mal posicionado quando os temas são segurança pessoal (122º lugar), que inclui taxa de homicídios e percepção da criminalidade. Trata-se de um problema epidêmico na América Latina. Dos 15 piores países neste tópico, nove estão na região – o Brasil é um deles.

O acesso à educação superior (76º) também demanda empenho, embora o país tenha um número razoável de universidades listadas nos “rankings” globais. O estudo também aponta séria deficiência no acesso a saneamento e alta taxa de analfabetismo de adultos.

Dentre os países do G-8, o Canadá é o mais bem-sucedido. Na Europa, destacam-se Eslôvenia e Estônia, acima de França, Espanha e Itália. Na América Latina, os casos de sucesso são Uruguai e Costa Rica. A Nova Zelândia está no topo do “ranking” global, embora seu PIB “per capita” seja quase a metade do da Noruega (5ª posição).

A disparidade entre riqueza e desenvolvimento, verificada no Brasil, é objeto de estudo do índice, liderado pelo professor Michael Porter, da Harvard Business School. “O PIB per capita mais alto tem correlação com progresso social, mas a conexão não é automática.”

O estudo destaca que em países onde a renda é mais baixa, o crescimento não se reflete necessariamente em avanços sociais.

Matéria originalmente publicada no jornal O Globo

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