“Haddad reclama com ministro de Dilma sobre dívida” – Folha de S.Paulo

A decisão do governo Dilma de abandonar o projeto que reduz a dívida de Estados e municípios com a União desagradou o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad.

O petista soube da medida ao ler, na manhã de ontem (20/11), reportagem da Folha sobre a desistência da área econômica em patrocinar a aprovação do projeto no Congresso, em nome da austeridade fiscal.

Embora ninguém admita oficialmente, o projeto foi moldado pela Fazenda para ajudar São Paulo.

Apesar de não resolver completamente o endividamento da capital paulista, de R$ 54 bilhões, permitiria uma redução no valor e abriria espaço para Haddad contrair novos empréstimos e, assim, bancar investimentos.

A Folha apurou que Haddad telefonou ontem ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, manifestando contrariedade com a decisão.

Ouviu de Mantega que o Executivo precisou, por ora, suspender a proposta para desmobilizar críticas do mercado à política fiscal do governo, mas que seria uma solução temporária.

O prefeito recebeu sinalização de que a proposta que troca o indexador da dívida por juros mais leves pode retornar à pauta com apoio do Executivo a partir de março.

 Ao deixar o ministério ontem, Mantega afirmou que a proposta pode gerar a interpretação errada de que o governo quer aumentar os gastos com os entes federativos.

"Tendo em vista essa possibilidade de mal-entendido, nós queremos que ele seja aprovado em uma oportunidade melhor", afirmou.

Haddad disse que há "muita incompreensão no debate" e que o projeto não foi feito para priorizar São Paulo. Ele também afirmou que deve falar novamente com Mantega.

"A expectativa não é só de São Paulo, são 176 municípios na mesma situação. Um quarto da população brasileira mora em cidades que têm o mesmo problema que São Paulo tem, pagam taxa de juros muito superior à taxa de mercado", disse Haddad.

Apesar de a suspensão do projeto ter sido empacotada como parte de um "pacto fiscal" entre Executivo e Legislativo, o presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi na contramão e prometeu votar a proposta até dezembro.

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