“Brasil reduz mortalidade, mas fica atrás de vizinhos” – Folha de S.Paulo

Taxa de mortes de crianças é pior que países como Chile e Argentina. Em 30 anos, índice caiu de 69,1 para 16,7 para mil nascidos vivos; expectativa de vida aumentou 11,3 anos.
 
Denise Luna e Mariana Sallowicz, do Rio
  
O Brasil reduziu a taxa de mortalidade infantil em 75,8% nos últimos 30 anos, mas os números ainda deixam o país longe dos melhores resultados mundiais e inferior a vizinhos como Chile e Argentina.
 
De acordo com pesquisa divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), baseada em dados do censo 2010, a chance de um recém-nascido não completar o primeiro ano de vida caiu de 69,1 para 16,7 para mil nascidos vivos entre 1980 e 2010.
 
O Nordeste se destacou nesse item: em 1980, havia ali 97,1 mortes antes de um ano de idade, por mil nascimentos. Em 2010, o número chegou a 23 para cada mil –uma queda de 74,1%.
 
"Apesar da queda forte, o Nordeste continua liderando a mortalidade infantil", afirma o gerente do projeto de dinâmica demográfica do IBGE, Fernando Albuquerque.
 
A expectativa de vida no país também melhorou em relação há 30 anos, aumentando de 62,52 anos em 1980 para 73,76 anos em 2010 –um ganho de 11,3 anos.
 
As mulheres continuam vivendo mais do que os homens, fenômeno que tem como causa a violência das cidades.
 
De novo, o Nordeste chama atenção, com aumento da expectativa de vida de 58,2 anos para 71,2 anos. Continua, porém, abaixo de regiões como o Sudeste (75,4) e o Sul (75,8).
 
"As diferenças regionais hoje são bem menores do que há 30 anos, mas ainda são uma marca do país", afirmou Albuquerque.
 
Longe do ideal
 
De acordo com dados da ONU (Organização das Nações Unidas), o Brasil ocupa a 97ª posição no ranking da mortalidade infantil, com 16,74 mortes em cada mil nascimentos, e é superado por países como Chile (6,54) e Argentina (12,42).
 
Em último lugar na lista está Serra Leoa, na África, com morte de 121,96 em cada mil. O ranking é encabeçado pela China e pela Islândia (ambas com 1,89) e Cingapura (1,97).
 
Em relação à expectativa de vida, o Brasil está na 91ª posição. O índice de 73,76 também está abaixo do Chile (79,20 anos) e Argentina (75,77 anos). Em Serra Leoa, lanterna também nesse aspecto, a média de vida é de 44,66 anos. Já no Japão as pessoas vivem em média até os 83,09 anos.
 
"São programas de vacinação, saneamento básico, acompanhamento à gestante, maior acesso à alimentação com o aumento de renda, acesso a médicos, remédios", afirmou Albuquerque, ao comentar as razões dos avanços nos números do Brasil.
 
Os idosos também registraram melhor expectativa de vida ao atingirem 60 anos.
 
Em 1980, a expectativa era viver mais 16,3 anos. Em 2010, mais 21,1 anos.
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