Mais de 2 mil organizações e cidadãos já assinaram manifesto contra a violência. Apoie também!

Documento, que ainda está aberto para novas adesões, será entregue ao governador de São Paulo e ao ministro da Justiça. Prefeito da capital paulista recebeu o texto na semana passada

Airton Goes airton@isps.org.br

O manifesto "Eliminar a Violência na Raiz de Suas Causas”, elaborado por diversas organizações, entre as quais a Rede Nossa São Paulo, continua recebendo adesões de cidadãos e entidades da sociedade civil. Mais de 2 mil pessoas e organizações já assinaram o documento, que será entregue ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e ao ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardoso.

O prefeito da capital paulista, Fernando Haddad, recebeu o manifesto durante o evento de lançamento da 4ª edição da pesquisa sobre os Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (IRBEM), promovido pela Rede Nossa São Paulo na quinta-feira passada (17/1).

De acordo com o texto, que foi lido no evento por Caci Amaral, integrante do grupo de trabalho (GT) Democracia Participativa, “a escalada da violência no município de São Paulo não é uma surpresa para quem acompanha a cidade e se debruça sobre seus indicadores”. Alguns desses indicadores são citados no manifesto: dos 96 distritos da capital paulista, 38 não têm nenhum parque, 20 não têm nenhuma delegacia e 60 não têm nenhum centro cultural.

O manifesto informa ainda que 1,3 milhões de paulistanos vivem em favelas, enquanto 250 mil jovens entre 15 e 19 anos estão fora da escola, 181 mil jovens de 15 a 24 anos estão desempregados e 170 mil crianças necessitam de vaga em creche pública. “Para serem atendidas por um médico no posto de saúde público, as pessoas esperam em média 66 dias; para fazerem exames em laboratório, mais 86 dias; e, para procedimentos mais complexos, mais 178 dias. Quantos não morrem pelo caminho?”, questiona o texto.

Após expor estes e outros números negativos da cidade, o manifesto afirma que a situação atual é “um cenário perfeito para que prospere a criminalidade e a violência”, listando alguns dos problemas a serem enfrentados: “extremas carências, enorme desigualdade gerando frustração e revolta pela injustiça, ausência do poder público e falta de oportunidades de trabalho, educação, cultura e lazer para jovens de baixa renda, além de serviços públicos de educação, saúde e transporte de baixa qualidade (as pessoas de maior poder aquisitivo e até os responsáveis pelas políticas públicas pagam para usar serviços privados)”.

As organizações que tiveram a iniciativa de propor o manifesto – Rede Nossa São Paulo, Centro Santo Dias de Direitos Humanos da Arquidiocese de São Paulo, Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, Instituto São Paulo contra a Violência, Pastoral Fé e Política da Arquidiocese de São Paulo e Sociedade Santos Mártires – reconhecem a importância da polícia e dos presídios na redução da criminalidade. “Para combater a violência, é claro que precisamos de uma polícia competente, amiga da comunidade, bem capacitada para exercer mais a prevenção do que a repressão, de policiais bem remunerados e honestos, de um sistema prisional que recupere as pessoas para o convívio social, de uma justiça ágil e honesta”, diz o texto.

O documento, porém, avalia que só medidas repressivas não resolvem o problema. “Enquanto não mudarmos o quadro social e econômico dos paulistanos e pensarmos apenas em aumentar a repressão, enquanto não atacarmos as raízes dos problemas, estaremos apenas realimentando a espiral da violência. É como querer curar um câncer com analgésicos.”

Por fim, o manifesto conclama os governos federal, estadual e municipal a unirem esforços para colocar em prática diversas medidas destinas reduzir a violência e a criminalidade, entre as quais:

• Diminuir substancialmente a desigualdade social e econômica na cidade de São Paulo;
• Dotar cada distrito da cidade de todos os equipamentos e serviços públicos necessários para oferecer uma qualidade de vida digna para seus habitantes;
• Promover com absoluta prioridade políticas de educação, cultura, lazer, esporte e trabalho para jovens de baixa renda.
• Investir fortemente para que tenhamos uma polícia capacitada, bem remunerada, honesta e respeitadora de todos os cidadãos, independentemente de condição social e raça, que desenvolva principalmente ações preventivas contra a violência;

Clique aqui para ler a integrar do manifesto "Eliminar a Violência na Raiz de Suas Causas” e, se concordar com o conteúdo, assinar o documento.


 

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