“Estatísticas refletem sensação de insegurança” – Folha de S.Paulo

Mais da metade dos assassinatos está nas regiões que dão pior avaliação à segurança, segundo o ‘DNA Paulistano’

O extremo sul da cidade, onde 34% dos moradores deram nota zero à segurança, foi responsável por 30,8% das vítimas de homicídio em ocorrências registradas de janeiro a agosto
MARCELO SOARES
DE SÃO PAULO

Mais da metade dos homicídios registrados na cidade de São Paulo ocorre nas duas regiões onde, de acordo com o "DNA Paulistano", moradores dão a pior avaliação às condições de segurança.

A pesquisa, que vem sendo publicada pela Folha em cadernos dominicais ao longo deste mês, é um raio-X das preocupações da população em todas as regiões.

O extremo sul da cidade, onde 34% dos entrevistados deram nota zero à segurança, foi responsável por 30,8% das vítimas de homicídio em ocorrências registradas entre janeiro e agosto deste ano, segundo o governo do Estado.

O extremo leste, onde 32% dos moradores deram nota zero à segurança, concentrou 25,7% das vítimas de assassinato nesse mesmo período.

A contagem de corpos, porém, aumentou um pouco menos nessas regiões do que no total do município.

Em São Paulo, o número de vítimas de homicídio subiu 17% nos oito primeiros meses deste ano em comparação com igual período do ano passado -717 para 839.

Já no extremo sul do município, o aumento foi de 10,3%, enquanto no extremo leste a variação chegou a 14,9% -aqui, o aumento percentual é mais que o dobro do registrado no Estado no período.

PERCEPÇÃO SUBJETIVA

Embora os dados digam respeito às delegacias, e não aos bairros, a contagem foi feita a partir das divisões regionais que mais se aproximam da divisão dos bairros.

De acordo com a pesquisa, 16% dos moradores do extremo leste informaram ter tido parentes ou amigos assassinados nos últimos 12 meses.

No extremo sul, foram 13% -pouco mais alto do que a média da cidade, embora a região responda por mais assassinatos nos registros de ocorrência do governo.

Em Cidade Tiradentes, onde 24% dos moradores disseram na pesquisa ter tido algum parente assassinado nos últimos 12 meses, o número de mortos registrados no 54º DP (Cidade Tiradentes) entre janeiro e agosto aumentou 50% -de 10 para 15.

Nem sempre a percepção subjetiva de insegurança, detectada em pesquisas de opinião, coincide com as estatísticas de segurança.

O cruzamento dos dois números, porém, é ferramenta poderosa para debater o tema indo além de propostas criadas por marqueteiros para o horário eleitoral.

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