“PM também fará boletim de ocorrência” – O Estado de S.Paulo

 

Ideia é evitar que cidadão tenha de ir a DP para registrar crime mais leve; projeto piloto começa em 15 dias em São Mateus, na zona leste

O Estado de S.Paulo

Para tentar desafogar as delegacias, diminuir a subnotificação e melhorar a investigação de crimes, o governo do Estado deve iniciar em 15 dias um projeto piloto na 8.ª Seccional, em São Mateus, na zona leste, que permitirá à população fazer boletins de ocorrência em postos da Polícia Militar.

Por enquanto, os crimes registrados pela PM no projeto piloto serão os mesmos que hoje podem ser feitos pela Delegacia Eletrônica – furto de veículos, desaparecimento de pessoas, furto/ perda de documentos, celulares e placas de veículos e encontro de pessoas desaparecidas. A região de São Mateus foi escolhida para começar o projeto por ser um lugar onde a população tem pouco acesso à internet e, por esse motivo, faz pouco uso da Delegacia Eletrônica. Caso o projeto funcione, o objetivo do governo do Estado é ampliar os boletins da PM para outros bairros da capital e demais cidades do Estado.

Segundo o secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, com o projeto será possível registrar casos em companhias, pelotões e bases da PM. No futuro, os boletins poderão ser feitos também nos computadores de bordo das viaturas da PM. "O objetivo é desafogar os plantões e melhorar o atendimento ao público. Essa divisão de tarefas pode também ajudar a diminuir a subnotificação", afirmou. "Podemos ainda ampliar os tipos de crimes atendidos pela delegacia eletrônica."

Pela internet. Atualmente, cerca de 20% das ocorrências são feitas pela Delegacia Eletrônica. Segundo o governador Geraldo Alckmin (PSDB), a ideia é que esse porcentual alcance cerca de 40% dos registros. "Já temos tecnologia que nos permite fazer isso. Se for preciso, é possível ampliar os registros de boletins de ocorrência em todo o Estado até o fim do ano", disse o comandante geral da Polícia Militar, coronel Álvaro Camilo.

Atualmente, boa parte da política de segurança pública no Estado vem sendo feita pela atuação ostensiva da Polícia Militar nas ruas de São Paulo. As prisões anuais em flagrante feitas por PMs nas ruas de São Paulo estão na casa dos 120 mil casos anuais. Poucas são as ocorrências desvendadas por meio de investigações feitas por policiais civis.

No ano passado, a Secretaria de Segurança Pública já havia passado a escolta de presos dos policiais civis aos militares com o objetivo de tentar aumentar a eficácia das investigações nas delegacias. A parceria com os PMs na confecção de boletins de ocorrência de crimes mais leves segue o mesmo objetivo.

Investigação. Com a implementação do projeto, a ideia é liberar os funcionários da Polícia Civil para se concentrar nos trabalhos investigativos. Para os casos de crimes mais graves e de flagrante, a Polícia Civil prepara ainda um plano para mudar o atendimento dos casos de prisões em flagrante em São Paulo.

A direção do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap) deve apresentar o plano ainda neste mês à secretaria depois de ouvir a população, a PM e a os policiais civis que trabalham na capital.

"Os crimes leves sobrecarregam o dia a dia da delegacia", diz o delegado geral de polícia, Marcos Carneiro Lima. "Esse é um projeto que mostra que as polícias em São Paulo estão unidas em atenção à sociedade." / BRUNO PAES MANSO E MARCELO GODOY

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