“Para cientista político, medidas não devem trazer grande impopularidade” – O Estado de S.Paulo

Eduardo Reina

Desespero eleitoral por permanecer na terceira posição nas pesquisas de intenção de voto ou coragem para efetivar medidas urgentes para São Paulo, que diariamente acumula quilômetros e mais quilômetros insolúveis de congestionamento? Qual a explicação para a apresentação de projeto polêmico que cria pedágio urbano e bolsões de estacionamento de ônibus, entre outras propostas, para amenizar a poluição e a agonia dos motoristas na capital?

Nenhuma nem outra coisa. Para o cientista político Rui Tavares Maluf, da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp), o projeto encaminhado pelo prefeito e candidato à reeleição está dentro do contexto do principal tema dessa eleição, a gravidade do trânsito na capital. Mas também mostra "uma crença inabalável" do povo brasileiro, "que acredita que pela lei é possível resolver todos os problemas".

"Ele está coerente com os dois grandes discursos atuais, de trânsito-transporte e ambiente. Esses temas encurralam o prefeito e ele precisa mostrar que pode agir sobre a matéria. Entretanto, por estarmos no segundo semestre e em meio a uma campanha eleitoral, a aprovação fica mais difícil."

Tavares Maluf destacou ainda que a proposta enviada à Câmara Municipal aponta para a criação de pedágio urbano e outros dispositivos de controle de tráfego para evitar congestionamentos, mas que não serão instalados se a lei for aprovada pelos vereadores. É preciso legislação específica para que tudo entre em vigor. "Haverá uma nova batalha, será preciso uma nova avaliação político-legislativa. Quase todas as leis dependem de outras, que nunca são criadas. Hoje, as medidas propostas não trazem uma dose de impopularidade grande, apesar de mexer com interesses de muitas pessoas", afirmou.

IMPOPULARIDADE

O receio de se tornar impopular, juntamente com a necessidade de resolver o problema dos congestionamentos, levou Kassab a dizer, no fim do ano passado, que não adotaria novas tarifações. "Eu sou contra. É muito simplista dizer que vai instalar o pedágio urbano", disse ao Estado em 20 de dezembro de 2007. Na época, o prefeito chegou a admitir apenas que aceitava discutir o aumento dos dias de rodízio de carros, como solução aos congestionamentos. "Eu aceito discutir o rodízio. Mas a outra medida (o pedágio urbano) não está na pauta no momento."

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