Juventude paulistana em foco


Aline Moraes – Projeto Repórter do Futuro

Dois anos. É o tempo que transcorreu desde que os ataques do PCC ocorreram em São Paulo, em maio de 2006. A data foi relembrada durante o GT de Juventude do Fórum Nossa São Paulo não por acaso. Das 493 vítimas fatais (oficiais) dos ataques, 475 eram jovens, a maioria com idade entre 21 e 31 anos, segundo dados do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp).

Nessa última sexta-feira, dia 16, a organização Comunidade Cidadã, integrante do GT, organizou um ato no Viaduto do Chá, próximo à Prefeitura de São Paulo, pela memória dos mortos. E, assim, protestar contra a falta de políticas públicas destinadas ao jovem paulistano, principalmente os de periferia.

“As ações de políticas públicas para juventude estão muito pulverizadas. Não há integração”, afirma Flávio Munhoz, da Comunidade Cidadã. Ele conta que, ao questionar a Coordenadoria de Juventude da Prefeitura sobre um plano para os jovens, recebeu como resposta ‘a gente também gostaria de saber’. Por isso, o GT apresentou como uma das principais propostas a criação de um Plano Municipal, que integre as políticas.

Os Auxiliares da Juventude, representantes da Coordenadoria em cada região da cidade, também foram mote de propostas. Eles têm como função atender jovens de forma descentralizada para promover um maior envolvimento com o poder público. Entretanto, “boa parte deles são ‘office-boys’, não tem autonomia de ação”, aponta Flávio. A proposta é de adequar e tornar efetivas as suas funções dentro da Coordenadoria.

Quem também precisa de adequação na cidade são os CEUs – Centros Unificados Educacionais. “À noite, as luzes permanecem acesas, mas nada acontece lá”, conta Flávio. A proposta que o GT Juventude traz é a de criar uma parceria com o Centro Paula Souza para oferecer cursos técnicos nesse período aos jovens da comunidade.

Sampa é cultura jovem
São Paulo tem uma distribuição bastante desigual de equipamentos culturais de uma forma geral, públicos e, sobretudo, privados. A maioria está localizada na região central – não por acaso, a mais rica do município. O exemplo dos centros, espaços e casas de cultura é emblemático. Segundo dados do Observatório Nossa São Paulo (www.nossasaopaulo.org.br/observatorio), das 31 subprefeituras, 14 não possuem nenhum desses equipamentos, e pouco mais da metade deles estão concentrados em apenas duas: Sé e Pinheiros.

Pela carência desses espaços, o GT trouxe a proposta de criação de “salas de cultura” dentro das escolas. E se as lan houses estão espalhadas por todos os bairros, sempre cheias de jovens em busca de diversão, por que não instalá-las também nas escolas? O objetivo da proposta é de atrair os jovens para esse espaço e poder direcionar o computador e a internet como instrumento pedagógico.

Para que todos os jovens possam curtir sua cidade e a diversidade – embora concentrada – que ela oferece, a proposta é que se crie um “Passe-Livre” que possibilite a conexão centro-periferia aos finais de semana.

Integração
No GT de Juventude, também apareceram diversas propostas ligadas a temas já trabalhados em outros grupos de trabalho do Fórum, como cultura, educação, meio ambiente, esportes e saúde. Mais um exemplo de que não se pode pensar políticas públicas e atuar sobre elas de forma isolada. Afinal, como diz o lema da Comunidade Cidadã, “uma nova organização é possível: a cidadania”.

** Os estudantes de jornalismo que participam do módulo Descobrir São Paulo, Descobrir-se Repórter do projeto Repórter do Futuro realizam a cobertura multimídia do 1º Fórum Nossa São Paulo – Propostas para uma Cidade Justa e Sustentável.

 

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