Convivência nada pacífica

 

Fonte: Bom Dia Brasil – 02/10/2007

Saiba como é a convivência nada pacífica entre motoristas e motoqueiros nas ruas de São Paulo. Para muitos, é preconceito; para um número crescente de pessoas, é uma ameaça real.

O trânsito nas grandes cidades está mais perigoso. Os motoristas estão mais imprudentes? Estão sim, mas não é só isso. Um congestionamento, por exemplo, vira uma armadilha. Os assaltantes esperam esse momento para agir e não tem para onde fugir.

Os motociclistas são motivo de desconfiança. Para muitos, é preconceito; para um número crescente de pessoas, é uma ameaça real.

São muito comuns as histórias de assaltos praticados por motoqueiros. Eles usam capacetes que escondem a identidade. São motorizados, agem e fogem rapidamente.

A polícia admite que motos com dois ocupantes são sempre consideradas suspeitas. Quem usa esse veículo como ferramenta de trabalho acaba sofrendo com o preconceito. O motoboy Eduardo Santana corre o dia inteiro para entregar todos os pedidos.

“A gente costuma entregar documentação. À noite, trabalho em uma pizzaria também. Tudo que é tipo de coisa, mandou, colocou no baú, a gente leva para onde tiver que levar”, comenta Eduardo Santana.

O motoboy tem carteira assinada, trabalha de uniforme, mas, no trânsito, por onde passa, a reação é semelhante: por causa da moto, é confundido com bandido.

“Você pára do lado e já tem gente fechando o vidro, baixando pino de porta e já começa a olhar estranho, fica diferente e receoso com você”, conta o motoboy Eduardo Santana.

A Polícia Militar suspeita sempre de motos com dois ocupantes. “Na grande maioria dos casos, são dois em uma moto, condutor e garupa”, afirma o porta-voz da Polícia Militar de São Paulo, Emerson Massera Ribeiro.

Essas situações a cidade testemunha diariamente. Uma tentativa de assalto foi na Rua Augusta, no Centro de São Paulo. A ação foi rápida. O carona sacou o revolver e apontou para o motorista, que saiu do carro e fugiu. O assaltante desceu da moto, mas desistiu de correr atrás da vítima. Os dois assaltantes fugiram, deixando o carro para trás.

Crimes como este alimentam a insegurança. Em uma cidade cujo trânsito é lento em boa parte do dia, os motoqueiros são essenciais para transportar mercadorias e documentos com agilidade para as empresas. Mas a convivência entre eles e os motoristas não é pacífica. O resultado é visível: carros andam com vidros totalmente fechados ou parcialmente abertos.

“[Eu não abro o vidro todo] por questão de segurança. Medo de assalto”, comenta uma senhora.

“Hoje o vidro ainda está muito aberto. Eu ando com ele completamente fechado por causa da violência”, disse uma paulistana.
A polícia relembra outros detalhes que podem ajudar na prevenção.

“Procurar não ostentar objetos de valor, como relógios, colares e pulseiras, ou então deixar objetos visíveis no interior do veículo, no banco. São algumas recomendações que podem ser úteis e que podem evitar que a pessoa venha a ser vítima desse tipo de crime”, orienta o porta-voz da Polícia Militar de São Paulo, Emerson Massera Ribeiro.

A Polícia Militar informou que o número de assaltos praticados por motoqueiros na cidade de São Paulo está diminuindo, mas o medo não diminui. Um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que 70% dos brasileiros se sentem inseguros ao voltar para casa à noite. Por causa disso, a frota de carros blindados no país chega hoje a 35 mil veículos.

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