“Velocidade média do Metrô cai até 7% em um ano; companhia culpa a chuva” – O Estado de S.Paulo

 

Com 27,5 km/h, Linha 2-Verde é a mais lenta; superintendente da associação de transportes públicos diz que sistema está no limite

Renato Machado – O Estado de S.Paulo


Os usuários do Metrô de São Paulo estão demorando mais para chegar a seus destinos finais. Isso acontece porque a velocidade média dos trens caiu até 7% em apenas um ano – entre 2009 e 2010. Além disso, também houve aumento no intervalo de tempo entre a passagem de cada trem, o que significa que a espera nas plataformas está maior. Os dados são da própria Companhia do Metropolitano.

A queda na velocidade foi registrada em todas as linhas da rede. A maior redução foi na Linha 2-Verde, justamente a que já apresentava um desempenho inferior. Nesse ramal as estações são mais perto uma da outra e por isso o trem não consegue alcançar altas velocidades. A média, de 29,4 km/h em 2008, chegou a aumentar para 29,6 km/h no ano seguinte, mas caiu para 27,5 km/h.

Em termos práticos, significa que um passageiro está gastando três minutos a mais para percorrer toda a extensão do ramal, entre a Vila Madalena e a Vila Prudente – 14,7 quilômetros. O tempo gasto no ano passado era de 29 minutos e agora são necessários 32 minutos, em média.

"O Metrô está operando no limite de sua capacidade. E um sistema no limite é prejudicado com o atraso no fechamento das portas, o que prolonga o tempo de viagem", diz o superintendente da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Marcos Pimentel Bicalho. "Houve também uma série de incidentes operacionais neste último ano e falhas que contribuíram para a queda na velocidade média."

A Linha 3-Vermelha (Barra Funda – Itaquera) foi a que teve a segunda maior redução na velocidade média. Houve uma queda de 5% entre 2008 e o ano passado. O índice passou de 34,4 km/h para 33,9 km/h e depois para 32,7 km/h. Com isso, o tempo para se percorrer toda a extensão da linha, de 22 quilômetros, passou de 38 para 40 minutos.

"Em muitos casos, são os próprios passageiros que atrapalham, porque não querem esperar o próximo trem e ficam forçando as portas", diz Rafael Douglas Lopes Gonçalves, de 26 anos, que trabalha com eventos na região da Barra Funda e mora em Guarulhos. Todos os dias, no horário de pico da tarde, ele enfrenta a Linha 3-Vermelha lotada até a Estação Penha, onde toma um ônibus. "E está cada vez mais comum ficar parado nos túneis por causa de falhas."

Chuva. A velocidade média na Linha 1-Azul se manteve estável em 28,8 km/h entre 2008 e 2009. Mas, no ano passado, o índice caiu para 27,9 km/h.

O Metrô afirma que a queda no desempenho dos ramais que têm trechos em superfície – principalmente as Linhas 1-Azul e 3-Vermelha – deve-se ao aumento no número de dias chuvosos. A velocidade dos trens é automaticamente reduzida nesses casos por questões de segurança. Os dados da companhia apontam que houve um aumento de 137 para 143 dias com picos de chuva – entre 2008 e 2010.

A Linha 5-Lilás foi a que teve a menor variação na velocidade média nos últimos três anos. Foi de 39,8 km/h em 2008 para 39,3 km/h em 2009 e para 39 km/h em 2010 – a variação no último ano, por exemplo, foi de menos de 1%. Uma das explicações é que o ramal tem um dos sistemas mais modernos da rede, que é pouco afetado pela chuva, mesmo nos trechos em superfície.

Além disso, essa linha ainda não sofre com os problemas de superlotação, o que acontece nos outros trajetos. São transportados por dia cerca de 150 mil pessoas na Lilás; a Linha 2-Verde transporta 500 mil, e a 1-Azul e 3-Vermelha, 1,4 milhão cada.

CRONOLOGIA

Avanços e retrocessos

23 de janeiro
Falha

Um problema de tração na Linha 1-Azul deixou um trem parado na Estação Ana Rosa e prejudicou toda a rede. Foi a primeira de pelo menos 15 falhas no ano.

25 de maio
Inauguração

O governo entregou duas estações da Linha 4-Amarela, o primeiro novo ramal em duas décadas.

3 de setembro
Recorde

O Metrô atingiu um novo recorde, de 3,794 milhões de passageiros transportados.

21 de setembro
Pane geral

Falha parou a Linha 3-Vermelha por mais de 3 horas e afetou 250 mil pessoas.

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