Saúde pública: prazo entre marcar e realizar consultas tem pior nota do paulistano

Segundo pesquisa que mede o nível de bem-estar em São Paulo, prazo para agendamento de consultas e exames ainda é longo

Por Fecomercio SP

A saúde pública é vista pelo paulistano como principal serviço que pode contribuir com a melhoria do bem-estar na cidade, mas apresenta baixo grau de satisfação dos moradores. As constatações estão na pesquisa anual Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município (IRBEM), edição 2014, encomendada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) em parceria com a Rede Nossa São Paulo, realizada pelo IBOPE Inteligência.

O levantamento coleta informações que possam ser utilizadas pelo Poder Público e pela sociedade civil na formulação de ações que visem o bem-estar das pessoas que moram na capital paulista. O IRBEM 2014  é de 5,1, em uma escala que varia de um (insatisfação total) a dez (satisfação total).

A satisfação dos entrevistados com a saúde pública diminuiu em 2014, saindo de 4,9 em 2013 para 4,7, o menor índice da série histórica. O serviço ocupa o 13º lugar no ranking de satisfação composto por 25 áreas.

Considerando a posição do serviço e o grau de importância dado a ele pelos moradores, o levantamento coloca-o em caráter de prioridade para ser trabalhado pelas políticas públicas da cidade.

A área da saúde tem as suas piores avaliações nas periferias norte e sul da capital. A região Sul 2, que engloba os distritos de Campo Limpo, Capão Redondo, Cidade Ademar, Cidade Dutra, Grajau, Jardim Angela, Jardim São Luis, Marsilac, Parelheiros, Pedreira, Socorro e Vila Andrade, obtém média 3,9. E a Norte 2, com os distritos de Anhanguera, Brasilândia, Cachoeirinha, Casa Verde, Freguesia do Ó, Jaraguá, Limão, Perus, Pirituba e São Domingos, fica com nota 4,2.

Saúde pública x saúde privada

Entre os entrevistados, 72% são usuários ou têm alguém da família que utilizou a rede pública de saúde no último ano e cerca de 30% têm plano privado, índices que se mantém desde 2011. Os usuários de planos de saúde sentiram a queda na qualidade.

Na rede privada, de 2013 para 2014, todos os prazos médios de espera para consulta, exames e procedimentos mais complexos (internações, intervenções cirúrgicas), praticamente dobraram. O tempo médio para consultas saltou de sete para 13 dias. Para exames, o tempo de espera quase triplicou, foi de sete para 19 dias, e o prazo para procedimentos mais complexos ficou maior do que o dobro: de 19 para 42 dias.

Aspectos da saúde pública

O tempo médio entre a marcação e a realização de consultas atinge o pior nível de satisfação de 2014 considerando todos os aspectos de saúde analisados pela Pesquisa IRBEM, apesar de diminuir de 60 para 56 dias entre os usuários de saúde pública. O item atinge a nota 3,4, inferior aos 3,7 de um ano antes.

Entre os usuários de saúde pública, o prazo médio entre marcar e realizar exames é de 78 dias, ante 79 do ano anterior e, para procedimentos mais complexos, como internações e cirurgias, a média oscila de 170 para 169 dias.

Nove de 14 itens que compõem a análise sobre questões que envolvem a saúde registram piora na satisfação dos paulistanos, como cuidados com a sua própria saúde (de 6,6 para 5,6), cuidados com a alimentação (de 6,3 para 5,7), campanhas de vacinação (de 6,5 para 6,1) e qualidade do sono (de 6,3 para 5,9). Por outro lado, apresentam melhor avaliação as políticas públicas em relação ao aborto (de 4,3 para 4,4) e tempo médio de marcação e realização de procedimentos mais complexos (de 3,5 para 3,6).

A avaliação do paulistano em relação à proximidade de postos de saúde e prontos-socorros permanece estável, com notas 5,2 e 5,0 respectivamente.

Serviços no entorno

O posto de saúde público é o serviço que mais está difundido pela cidade, na percepção dos entrevistados, já que 89% informam ter unidades próximas às suas casas. No entanto, essa parcela apresenta uma oscilação negativa em relação a 2013, quando 91% sinalizaram ter o serviço por perto. Na pesquisa, 70% informam residir próximos a prontos-socorros públicos e 71% têm hospital público de fácil acesso, parcelas inferiores aos 77% e 75% de um ano antes, respectivamente.

Na análise da parcela de entrevistados que têm convênio de saúde particular, apenas 48% estão próximos de hospitais privados, 45% de prontos-socorros e 43% têm postos de saúde privados por perto. No ano passado, os percentuais eram de 46%, 45% e 42%, respectivamente.

Qualidade e facilidade

A qualidade e a facilidade de acesso aos serviços de saúde pública estão acima da média, com notas superiores a 5,5, exceto no caso da qualidade dos serviços de ambulância.

A melhor avaliação em relação à qualidade refere-se à distribuição gratuita de medicamentos, com nível de satisfação em 6,8, superior aos 6,7 de 2013. O serviço também foi considerado o de melhor acesso para os paulistanos, com nota 7,1 (antes 6,4). Os serviços odontológicos aparecem logo em seguida, com nota 6,6 para a qualidade, a mesma de um ano antes, e de 6,9 para a facilidade de acesso, ante 6,5 em 2013.

Os serviços de ambulância apresentam a pior avaliação, tanto para a qualidade (de 6,3 para 5,5) quanto para a facilidade de acesso (de 6,2 para 5,8).

Perfil do usuário

A saúde pública da capital paulista é utilizada por 72% dos entrevistados e/ou seus familiares. O uso do serviço entre pessoas de 30 a 39 anos é de 23% (eram 19% na pesquisa anterior).

A parcela de famílias com renda de até dois salários mínimos que é atendida pela saúde pública no ano aumenta de 32% para 43%, mas reduz de 50% para 41% entre aquelas com renda de dois a cinco mínimos.

Atendimento ambulatorial e distribuição gratuita de medicamentos seguem como os serviços de maior uso pelos paulistanos, com 57% (antes 55%) e 52% (antes 46%), respectivamente.

A pesquisa IRBEM  2014 está em sua sexta edição e foi realizada de 24 de novembro a 8 de dezembro de 2014. Foram entrevistados 1.512 moradores com 16 anos ou mais. O intervalo de confiança da pesquisa é de 95% e a margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Matéria publicada originalmente no portal da Fecomercio SP.

 

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