Metade conclui ensino médio na rede pública de SP sem saber regra de três

PAULO SALDAÑA – FOLHA DE S. PAULO

Apesar de o Idesp, indicador oficial da rede paulista, ter subido no ensino médio em 2016, quase metade dos alunos terminam essa etapa sem aprender nem o básico em matemática.

São estudantes que saem da escola sem conseguir resolver, por exemplo, problemas que envolvam proporcionalidade e regra de três.

A proporção de alunos nesta situação de dificuldades extrema aumentou. Passou de 44% dos alunos, em 2015, para 48% em 2016.

Somente 0,3% dos alunos do 3º ano do médio apresentaram na avaliação do ano passado uma proficiência considerada "avançada". É o mesmo patamar do ano anterior.

A própria Secretaria de Educação faz a divisão entre quatro níveis. Abaixo do básico, básico, adequado e avançado. A pasta considera que, a partir do "básico", os alunos já aprenderam o que é chamado de "suficiente".

Os níveis são divididos a partir das notas da escala de proficiências da avaliação oficial, o Saresp, que aumenta progressivamente desde os iniciais do ensino fundamental até o médio.

Na comparação com português, a proporção de alunos no nível "abaixo do básico" é sempre maior em matemática. Nos anos iniciais (5º ano do fundamental), são 16% nessas condições. Quantidade menor que em 2015 (quando eram 19% nesse nível).

Nos anos finais (9º ano), 28% dos estudantes não aprenderam o básico. Os dados nessa etapa também mostram piora na comparação com o ano anterior, quando 24% estavam nesse nível.

AULAS

Para a pesquisadora Katia Smole, consultora em ensino de matemática, os alunos não têm dificuldade de aprender matemática. Os problemas estão na estrutura de aulas.

"Para trabalhar boas aulas, é necessário saber o que ensinar e como é que o aluno aprende. Há problemas nessas duas partes", diz ela.

Ela ressalta que os professores não podem ser responsabilizados sozinhos. "Com os dados, estamos avaliando todo o sistema, e o sistema tem grande responsabilidades."

Os resultados de português do ensino médio tiveram avanço, apesar de indicadores ainda fracos. São 31% dos alunos abaixo do básico nessa disciplina. Percentual alto, mas menor do que em 2015, quando havia 34%.

Há 0,8% no avançado -contra 0,4% em 2015.

Matéria publicada na Folha de S. Paulo.

 

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