Jardim vertical dá um refresco ao barulho e à poluição do Minhocão

Por Fernanda Mena

Toda manhã e fim de tarde, a dona de casa Vera de Jesus, 53, sente a parede de seu apartamento trepidar. É que do lado de fora, a poucos metros do edifício Hud's, no centro de São Paulo, está o elevado Costa e Silva –o famigerado Minhocão– e seu tráfego intenso de rush.

Nos últimos dias, quando foi finalizado o primeiro jardim vertical do projeto Corredor Verde do Minhocão na empena cega (lateral sem janelas) do prédio, ela diz o tremor ficou mais suave.

"Melhorou bastante", avalia a síndica do Hud's. "E, com o jardim, ouvi até periquito cantando. Achei muito lindo! Antes não tinha nem mosquito por aqui", brinca.

Com 5.378 mudas de 29 espécies distribuídas em dois painéis que somam 302 metros quadrados, o jardim foi viabilizado por um decreto que permitiu a compensação ambiental de construtoras por meio de jardins verticais na cidade.

A proposta partiu do Movimento 90º, coletivo que prega o uso de jardins em fachadas de prédios para aumentar as áreas verdes da cidade.

"Os condomínios podem se candidatar na Secretaria do Verde e do Meio Ambiente, que faz a ponte com as construtoras que precisam fazer compensação ambiental de seus projetos e podem, por isso, financiar os jardins verticais", explica o paisagista Guil Blanche, 25, um dos criadores do coletivo, que fará uma inauguração oficial do jardim neste sábado (19), às 15h, quando o Minhocão é fechado ao trânsito de carros.

Com isso, o Hud's não teve nenhum gasto com o projeto ou sua instalação –o custo de R$ 254 mil foi financiado pela construtora WTorre, que precisava fazer compensação ambiental de suas obras.

Cada metro quadrado de jardim vertical custa cerca de R$ 900. A manutenção, a cada três meses, sai por R$ 13 por metro quadrado.

Até agora, apenas sete condomínios se candidataram para receber painéis verdes.

"Fizemos uma assembleia com os moradores e o Movimento 90º, e todos se interessaram pelos benefícios do jardim: refrescar o ambiente e diminuir a poluição e o barulho", conta Vera. "A preocupação era mofo ou infiltração na parede. E houve um esclarecimento de que a técnica usada não permite isso."

Para se candidatar, condomínios que possuam empenas cegas e que estejam localizados a uma quadra do Minhocão deverão entregar uma carta de intenção na sede da Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente (Rua do Paraíso, 387/389), de segunda a sexta, das 9h às 16h.

"Esteticamente, foi um presente para o prédio", diz Vera.

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

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