Bônus por redução na conta de água deve continuar até fim de 2015

Por Artur Rodrigues e Heloisa Brenha

O secretário de Saneamento e Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Mauro Arce, afirma que será preciso manter ao longo de 2015 as medidas já adotadas contra a crise de falta de água se não chover acima da média.

Entre elas está a política de bônus –um desconto na conta para incentivar a redução do consumo de água.

Meteorologistas já divulgaram previsões de uma temporada seca, com poucas chuvas, no próximo verão.

Em entrevista à Folha, Arce afirma que, para a recuperação do Cantareira, que abastece 9 milhões de pessoas na Grande São Paulo, é necessário continuar retirando do sistema a mesma quantidade de água captada hoje no conjunto de represas.

A produção de água do sistema caiu de 31,8 mil litros por segundo, em fevereiro deste ano, para 23,3 mil litros por segundo, em junho.

Isso foi possível devido a medidas como a adoção do bônus que dá desconto de 30% para quem economizar 20% e a redução de pressão da água à noite –que motivou críticas de que seria uma maneira de racionamento.

"E se não chover a média? Eu não vou atingir a mesma coisa. Mas eu me recupero com a média desde que eu mantenha coisas que estou fazendo hoje", disse Arce.

Para ele, com as ações adotadas, houve redução de consumo superior à que seria esperada se houvesse rodízio.

Depois do início das medidas anticrise, reclamações de falta de água se espalharam.

Segundo pesquisa Datafolha, 46% dos paulistanos tiveram algum problema de desabastecimento nos últimos 30 dias. O secretário diz ser "uma coisa estranha" –alega que as reclamações recebidas pelo Estado caíram.

O secretário admitiu que a economia prejudicou as finanças da Sabesp e sinalizou que, a partir de novembro, pode feito dado o reajuste na conta de água que vem sendo postergado.

Sobre a polêmica causada pela decisão da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) de baixar a vazão da represa Jaguari, diminuindo a quantidade de água enviada ao Rio de Janeiro, ele fez críticas ao Estado vizinho.

"Nem para eles [do governo fluminense] chegarem e dizerem para as pessoas: se vocês não economizarem, no final de abril não vai ter água nenhuma'", afirmou Arce, para quem há um esforço maior em São Paulo para a redução do consumo de água.

A decisão da Cesp motivou uma crise entre os dois Estados, atenuada após acordo pelo qual ambos cederam: São Paulo aceitou liberar mais água e Rio concordou em reduzir um pouco a captação. 

Matéria originalmente publicada no jornal Folha de S. Paulo

Compartilhe este artigo