Haddad fechará mandato com metas inacabadas

A pouco mais de dois meses de terminar o mandato, o prefeito Fernando Haddad (PT) deve concluir sua gestão sem terminar todas as 123 metas que propôs para realizar no período de 2013 até o final deste ano.

Segundo relatório da própria gestão petista, 84 foram concluídas ou superadas. Outras 39 devem ser entregues em parte. Na prática, Haddad não deve concluir na totalidade quase um terço (31,7%) do que ele mesmo prometeu quando eleito. Entretanto, devido à metodologia adotada, que leva em conta desde atos normativos como desapropriações até obras de infraestrutura, a prefeitura considera que fez mais e defende que 113 delas, ou 92% do total, já beneficiam de alguma forma a população.

Neste cálculo, entram por exemplo, a meta de fazer quatro centros de iniciação esportiva. Apesar de nenhum ter sido erguido, pelo fato de a administração ter encontrado local para construí-los e ter financiamento garantido, a meta aparece com 22% de realização.

Haddad será o segundo prefeito a terminar o mandato sem concluir suas promessas. O primeiro foi Gilberto Kassab (PSD), que, das 223 metas que propôs, entregou pouco mais da metade, 123. Apesar disso, o ex-prefeito alega que seu índice de eficácia foi de 81%, já que entregou, em parte, 99 delas.

Apesar de ter força de lei, o Plano de Metas não prevê sanções a quem descumpri-lo. O prefeito eleito, João Doria (PSDB), terá 90 dias para criar o seu plano.

Corrida

Procurada, a gestão Haddad não comentou. Porém, em outras oportunidades, Haddad culpou a falta de repasse de verbas da União por intermédio e convênios como um dos principais motivos para não entregar tudo que propôs.

Dos R$ 8,1 bilhões em convênios de diferentes áreas, sobretudo mobilidade e habitação, Haddad só recebeu pouco mais de 10%. Dos R$ 24 bi previstos para cumprir as metas, o investido foi de R$ 14,5 bi.

Idealizador afirma que função é melhorar gestão

Fruto de mobilização popular, a obrigatoriedade de todo governante colocar no papel suas promessas de campanha e se empenhar para realizá-las consta de uma emenda à Lei Orgânica do Município, que é uma espécie de "Constituição" da cidade.

Um dos principais entusiastas da medida, Oded Grajew, coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo, explica que o espírito da lei não é o de punir os administradores que não cumprirem com suas promessas, mas sim o de "melhorar a gestão". Porém, atingi-las pode ser um trunfo para os governantes.

"Nesta campanha a avaliação da gestão foi feita usando muito o plano de metas do Haddad [prefeito Fernando Haddad]. Tanto pelo Haddad, valorizando, como pelos adversários, mostrando o que ele não cumpriu", afirma Grajew.

Só para se informar

Grajew afirma que, no decorrer do ano, João Doria (PSDB) participou de algumas atividades da ONG para, segundo ele disse, "se informar melhor sobre a cidade". Porém, depois que foi eleito, não procurou mais o órgão.

Matéria originalmente publicada no jornal Destak

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