Cultura, regularização fundiária e saúde dominam primeira Audiência Pública do Orçamento

DA REDAÇÃO – CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO

Os investimentos para cultura, regularização fundiária e ampliação de equipamentos de saúde deveriam ser maiores no Orçamento da capital paulista para o próximo ano. É o que foi sugerido pela maioria dos participantes da primeira Audiência Pública realizada nesta quarta-feira (18/10), na Câmara Municipal de São Paulo, para discutir a Proposta da Lei Orçamentária 2018 (PL 686/2017) – que estima as receitas e fixa as despesas da capital.

De acordo com o Projeto, a cidade terá um Orçamento de R$ 56,2 bilhões em 2018 – o que representa um aumento de cerca de 3% se comparado a este ano. “É um Orçamento que tenta ajustar as despesas de cada área com a realidade orçamentária, possibilitando uma execução menos apertada”, disse o secretário municipal da Fazenda, Caio Megale.

A maneira como os recursos foram distribuídos não agradou os representantes da Cultura. A previsão é de que a área tenha um Orçamento de R$ 436 milhões. Isso representa uma redução de 15,8% em relação ao Orçamento atual.

“Queremos a preservação das ações e dos programas culturais. A peça orçamentária deveria garantir pelo menos os R$ 518 milhões deste ano”, disse o representante da Frente Única de Cultura, José Renato Fonseca de Almeida.

A integrante da Frente Única de Cultura, Inti Queiroz, criticou a redução dos investimentos. “O mínimo do mínimo seria 1% de recursos do Orçamento total”, afirmou.

Em resposta, Megale esclareceu que “se comparada à execução orçamentária deste ano, a Cultura terá até um incremento”. “Quando aumentamos de um lado, teremos uma queda de receita em alguma outra Pasta”, disse.

O sub-relator do Orçamento da Cultura, Zé Turin (PHS), acha fundamental ampliar os investimentos na Cultura. “A Audiência é fundamental e vamos trabalhar para aumentar os recursos e as pessoas possam usufruir”, argumentou.

A coordenadora do Conselho Participativo de São Miguel, Andrelissa Teressa Ruiz, chamou a atenção para a necessidade de garantir mais recursos para a Saúde. “Queremos a continuidade das obras da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e a reabertura do Centro de Referência da Mulher, que está fechado”, solicitou.

Durante a reunião, os participantes reivindicaram a regularização fundiária no Jardim Manacá, na zona sul, investimentos para projetos voltados para a população idosa, melhorias para os conselheiros tutelares e para a infraestrutura dos bairros.

O líder do PT na Câmara, vereador Donato, criticou o Projeto. “Os números estão contraditórios. Por exemplo, o prefeito João Doria diz que vai arrecadar cerca de R$ 5 bilhões com as privatizações, no entanto, esse recurso não está previsto na proposta. Neste ano, foram quase R$ 3 bilhões de subsídio para o transporte e estão prevendo R$ 2,3 bilhões, significa que teremos aumento da tarifa. A previsão das receitas foi mal feita”, argumentou.

O líder do Governo na Câmara, vereador Aurélio Nomura (PSDB), discordou. “A Prefeitura elaborou um Orçamento mais realista, retirando os recursos que sempre eram previstos da União e nunca aconteciam”, rebateu.

O relator do Orçamento, vereador Ricardo Nunes (PMDB), elogiou a participação da população e dos vereadores nesta primeira Audiência Pública. “Foram mais de 40 inscritos trazendo suas demandas, foi muito produtivo”, considerou. Para ele, um dos problemas da proposta é o Orçamento das Prefeituras Regionais. “Os recursos delas caíram de forma assustadora e precisaremos remodelar”, comentou.

PPA

A população ainda discutiu o Plano Plurianual 2018-2021 (PPA) – que reúne ações e metas do Governo para esse período – e sugeriu que o Plano de Bairros seja incluído na proposta e que a Cultura tenha mais recursos.

Para o coordenador da Fundação Tide Setubal, José Luiz Adeve, é fundamental discutir os Planos de Bairros no PPA. “A secretaria municipal de Fazenda poderia incluir essas propostas nesse Projeto porque são microdemandas de cada região e priorizam as demandas da população”, afirmou.

O rapper Pirata, do Fórum Hip Hop, pediu que o PPA “garanta o aumento dos recursos para a Cultura gradativamente e inclua as atividades de hip hop na rubrica” do Projeto.

O relator do PPA, vereador Atílio Francisco (PRB), considerou importante a Audiência. “Queremos ver cada vez mais a participação da população para fazermos as alterações no Projeto. Os recursos que entrarão com as privatizações e concessões, por exemplo, poderiam ser investidos também na Cultura, que ajuda a combater a criminalidade e a vulnerabilidade das pessoas”, disse.

Confira aqui o calendário completo das próximas audiências públicas sobre o Orçamento e o Plano Plurianual. 

 

Compartilhe este artigo