Candidaturas debatem mobilidade em São Paulo

Nesta quinta-feira, 22 de setembro, Dia Mundial Sem Carro, os candidatos (e representantes das candidaturas) à Prefeitura de São Paulo se reuniram para falar sobre a mobilidade na cidade. Eles foram convidados por diversas entidades que representam usuários de bicicleta, transporte público e pedestres.

Aos participantes foram apresentadas questões como: O que vai mudar na vida de quem usa o transporte público? Quais serão as melhorias para quem usa bicicleta? Como pode ser reduzida a emissão de poluentes? E as propostas para diminuir as mortes no trânsito? As perguntas foram elaboradas com base nos princípios da Política Nacional de Mobilidade Urbana, aprovada em 2012, além de atentarem às diretrizes e metas estabelecidas pelo Plano Municipal de Mobilidade Urbana de São Paulo.

Marcaram presença no evento os candidatos Luiza Erundina (PSOL), Altino de Melo (PSTU) e Ricardo Young (Rede). Fernando Haddad (PT) foi representado pelo secretário de Transportes, Jilmar Tatto;  João Doria Júnior (PSDB) foi representado por Soninha Francine;  e Celso Russomanno (PRB), por Luiz Orro. 

Luiza Erundina destacou a PEC de sua autoria que incluiu a mobilidade como direito social. Prometeu retomar a proposta de "tarifa zero", que não teve êxito em sua gestão como prefeita. Segundo ela, a ideia é liberar o custo do transporte primeiramente aos finais de semana e, gradualmente, alcançar a gratuidade universal, socializando os custos. Erundina também defendeu a melhoria das ações que privilegiam pessoas (e não os carros), se disse a favor das ciclovias e dos corredores de ônibus e enfatizou que "aumentar a velocidade é tirar vidas". Por fim, a candidata do PSOL falou da necessidade da renovação da frota de ônibus e da substituição dos combustíveis fósseis por energias renováveis.

Altino de Melo relatou sua experiência como metroviário e sindicalista e criticou a atual gestão dizendo que "o modelo de mobilidade não foi escolhido pela população e, sim, por multinacionais americanas". Segundo ele, é preciso ouvir mais a população, de forma transparente, e a licitação de ônibus deve gerar "lucro social".

O secretário Jilmar Tatto destacou a redução de velocidade como melhor opção para redução de mortes. Segundo ele, a cidade antecipou a meta da ONU de vítimas fatais no trânsito, e deverá chegar a seis mortos por 100 mil habitantes até meados do ano que vem, caso continue com a política de redução de velocidade. Tatto também lembrou que Haddad aumentou de 65km para 500km o total de ciclovias na cidade. E defendeu o processo licitatório em vigor como exemplo de transparência, o que foi comprovado por meio de uma auditoria externa. "A frota de ônibus deve ser gradualmente modificada para utilização de energia limpa, mas a maior parte das emissões vem dos carros e, portanto, a melhor opção é incentivar o uso do transporte público", completou.

Na opinião de Ricardo Young, a redução da velocidade é um caminho correto, mas faltam ações pedagógicas que não se limitam às multas. Destacou que as ciclovias são conquistas do movimento dos cicloativistas, mas criticou a forma com que foram implementadas. Young também questionou a transparência do processo licitatório da Prefeitura que está em análise na Câmara dos Vereadores. E falou da necessidade de criar um órgão intermunicipal que integre os modais.

Representando o candidato João Dória, Soninha Francine defendeu um estudo para avaliar "a real necessidade de redução ou aumento em cada via, e não apenas reduzir por reduzir". Também insistiu que as informações não foram repassadas de forma clara ao cidadão e que a Prefeitura "não usou o seu poder de compra para incentivar as empresas a modificar o tipo de emissão dos ônibus por meio da licitação".    

Luiz Orro, representante do candidato Celso Russomano, defendeu a melhoria da qualidade dos ônibus, a regularização dos motociclistas e da necessária construção de bicicletários nas estações de metrô e terminais de ônibus. Outra proposta é a utilização do IPTU como forma de incentivar a melhoria das calçadas. Por fim, disse que há necessidade de "avaliação técnica" da política de redução da velocidade.

Rede Nossa São Paulo apresenta manifesto

Após as participações de representantes e candidatos, o coordenador do grupo de trabalho de mobilidade da Rede Nossa São Paulo, Carlos Aranha, leu o "Manifesto em Defesa da Vida – Não corra, não mate, não morra!". Bastante aplaudido pela plateia, Aranha justificou o lançamento do manifesto lamentando que, "justamente num momento da política em que tanto se espera debates verdadeiros, de ideias, com foco no que importa na vida do paulistano, temos assistido a uma escalada de ataques e promessas esdrúxulas que, dada inclusive a pobreza de argumentos e de diálogo com a sociedade, mais parecem querer desqualificar os oponentes que realmente discutir a cidade".

Segundo ele, a Rede Nossa São Paulo não vai "admitir este tipo de populismo, que atende aos desejos egoístas de uma minoria entre os que usam carro, e acaba mantendo um custo altíssimo, socializado, dos equivocados privilégios individuais, privados, que ainda concedemos em nossa cidade". Por fim, Carlos Aranha reforça que "este manifesto é um alerta da sociedade civil organizada ao próximo prefeito, seja ele ou ela quem for. Não se trata de apoio a uma gestão, a qualquer gestão. O mérito do avanço na gestão pública não é de um prefeito, não é de um partido. O mérito é da cidade, e da sociedade civil".

O encontro com os candidatos desta quinta-feira (22) foi uma realização da Ciclocidade, Cidadeapé, Idec, Sem Carro, Aliança Bike, ANTP, Caronetas, Bike Zona Sul, Vá de Bike, Aromeiazero e Bicicleta para Todos.

Clique aqui e veja a gravação completa do evento.

Leia o manifesto e apoie esta ação! Manifesto em Defesa da Vida – Não corra, não mate, não morra!

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