Após reajuste, lucro da Sabesp sobe 11,5%

Aumento foi de R$ 34,9 milhões e aconteceu no 2º trimestre; divulgado ontem, balanço mostra que companhia ganhou R$ 337 mi.

Por Fábio Leite

Balanço financeiro divulgado nesta quinta-feira, 13, pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) mostra que o lucro da empresa voltou a subir em plena crise hídrica, após dois reajustes na tarifa em seis meses. Os dados revelam uma alta de 11,5% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014.

Segundo o balanço, o lucro líquido subiu R$ 34,9 milhões na comparação dos dois períodos, chegando a R$ 337,3 milhões. No primeiro trimestre, o lucro da Sabesp havia caído 33,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, e ficado em R$ 318,2 milhões.

A retomada do aumento do lucro da empresa ocorre após um reajuste extraordinário de 15,2% na tarifa concedido pela agência reguladora do setor, a partir de junho, para repor as perdas financeiras da estatal provocadas pela queda do consumo de água e do aumento da conta de energia, ambos decorrentes da crise hídrica.

Na comparação semestral, contudo, a Sabesp ainda registra uma queda de 16% no lucro líquido, de R$ 780 milhões em 2014 para R$ 655,5 milhões neste ano. A companhia já havia fechado 2014, ano em que a crise foi declarada, com queda de R$ 1 bilhão no lucro – na comparação com 2013.

Ainda segundo o balanço, os reajustes de 15,2% em junho e de 6,5% em dezembro de 2014 tiveram impacto de 1,5% na arrecadação do trimestre, e, juntamente com a sobretaxa de até 50% na conta, que passou a vigorar em janeiro para quem aumentar o consumo, ajudaram a “atenuar” a queda de 7,9% na receita total com serviço de água e esgoto. Só com a multa da água, a Sabesp arrecadou R$ 123 milhões até junho.

Já a receita, de R$ 2 bilhões, caiu R$ 176,8 milhões em relação ao segundo trimestre de 2014, puxada pela concessão de descontos na conta para quem economiza água, com impacto de R$ 231 milhões no segundo trimestre de 2015, ante os R$ 88,1 milhões no mesmo período de 2014, e uma queda no volume faturado com água e esgoto de 7,5%, provocada pela economia espontânea e pelo racionamento feito por meio da redução da pressão e do fechamento manual da rede.

No comunicado ao mercado, a Sabesp afirma que “a expectativa era a de que o volume de água armazenado no Cantareira se recuperasse, mas em virtude dos níveis que já estavam baixos pela falta de chuvas durante o verão em 2013 e em 2014, o índice pluviométrico na região, durante a estação de chuvas de outubro de 2014 a março de 2015, não foi suficiente para recuperar os reservatórios que se encontram em nível abaixo do observado na série histórica”.

A empresa lista várias ações que fez para manter o abastecimento de água na Grande São Paulo, como o uso do volume morto do Cantareira, a concessão de bônus na conta, a redução da pressão da água, a utilização de outros sistemas produtores, antecipação de investimentos para ampliar segurança hídrica e a sobretaxa para quem aumento o consumo. E afirma que “o volume de reserva de água nos reservatórios depende de diversos fatores, tais como, níveis de chuva, temperatura e umidade atmosférica, bem como tipo e umidade dos solos nas regiões dos mananciais”.

Impacto

Segundo a companhia, “esse cenário de escassez trouxe impactos financeiros adversos” para a empresa, e, “desde 2014, até este momento, diversas decisões vêm sendo tomadas para minimizar esses efeitos”, como remanejamento de investimentos, corte de despesas, cobrança de dívidas com prefeituras, e a aplicação do reajuste de 15,2% em junho.

Matéria originalmente publicada no jornal O Estado de S. Paulo

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