48% dos paulistanos acreditam que mulheres têm menos oportunidades no mercado de trabalho do que os homens

Por Cíntia Gomes, da Agência Mural

Para debater a questão do trabalho e renda na cidade paulistana, a Rede Nossa São Paulo e o Ibope Inteligência, em parceria com o Sesc, apresentou nesta quarta-feira (21/2), a pesquisa “Viver em São Paulo: trabalho e renda” com dados sobre a renda pessoal, despesas do dia-a-dia, desemprego e o mercado de trabalho entre homens e mulheres.

Após a apresentação dos dados foram convidados para falar sobre o tema Adriana Barbosa, empreendedora e criadora da Feira Preta, Aline Cardoso, empresária e mobilizadora social, eleita vereadora pelo PSDB em 2016 e atual Secretária Municipal do Trabalho e Empreendedorismo de São Paulo, e Alex Borges, do Banco Comunitário União Sampaio.

Os dados foram considerados alarmantes por Adriana Barbosa. “O primeiro recurso que a gente mais desprende é com a alimentação, trabalhamos para sobreviver. Parte da renda é para alimentação, moradia, saúde e deslocamento, basicamente trabalhamos para isso. E quando chega na população negra, esse dado fica mais gritante”, observa.

Ela contou ainda que em 2015 foi realizada uma pesquisa para entender o perfil dos empreendedores da feira. Um dos dados mostrou que grande parte dos empreendedores pesquisados é formada por mulheres com alto grau de escolaridade. “São mulheres que ficaram muito tempo no campo acadêmico e por mais qualificação que tenham, não conseguem inserção no mercado de trabalho formal e decidem aprender a empreender”, revela Adriana.

Para Alex Borges, há muitas mulheres que necessitam de financiamento para empreender.  “O banco surgiu dentro da União Popular das Mulheres e, por meio da economia solidária, construção e desenvolvimento e geração de renda local, foi muito importante para atender mulheres e uma oportunidade de trazê-las para a inclusão no mercado de trabalho”, explica.

Borges reforça que a economia solidária, aliada à cultura, atrai também o público jovem, que muitas vezes não se enxerga no mercado formal de trabalho.

 “A gente vê um potencial de jovens empreendedores e uma gama de incubadoras que se aproximaram da periferia e conseguiram formar jovens e vimos o surgimento de empreendedores locais. Tem muita coisa boa acontecendo na periferia, tem gente vendendo seu espetinho, seu salgado, costurando, pessoas que estão na margem fazendo acontecer”, afirma.

O debate contou também com a secretária Aline Cardoso, que falou sobre os pontos de atendimento ao trabalhador na cidade e desenvolvimento local.  Segundo a pesquisa, 45% dos entrevistados não veem nenhuma oportunidade na região onde vivem, para ela isso é grave.

“As pessoas gastam dinheiro com condução, não tem qualidade de vida e não estão felizes onde estão. Então temos que pensar em mecanismos para mudar essa realidade, levar mais oportunidade local e capacitar pessoas”, pontua a secretária.

De acordo com Abrahão, por meio da pesquisa é possível fazer uma leitura política, avançar em algumas questões, provocar debates e estimular o papel do poder público local na geração de renda. “As prefeituras são responsáveis por 40% da geração da economia, podendo estimular a produção local e alcançar os mais excluídos nesse processo. Nós fazemos na Rede uma série de mapas da desigualdade e estamos conseguindo enxergar o futuro da cidade. Esses dados reforçam a necessidade da definição de prioridades”, finaliza.

Após o debate houve a apresentação cultural com o MC Marcello Gugu, da Batalha do Santa Cruz. O evento de divulgação da pesquisa foi transmitido ao vivo e pode ser conferido aqui.

A apresentação da pesquisa “Viver em São Paulo: renda e trabalho” está disponível na íntegra em PDF.

Próximo evento será no dia 08/3

A Rede Nossa São Paulo, o Ibope Inteligência e o Sesc informam que no dia 8 de março irão promover a terceira atividade relacionada à pesquisa “Viver em São Paulo”. O evento será no Sesc Pq. Dom Pedro II e tratará do tema “Mulher e a Cidade”.

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